quarta-feira, 18 de agosto de 2010

Inovação não é estratégia. É requisito.

por Thiago Delfino

Grande parte dos briefings ou demandas de nossos clientes pedem inovação como estratégia. 

E isso me causa o comichão: "Inovação não tem que partir do core da empresa?" "Inovacão não deveria ser um atribuso intrínseco e por isso estar presente na raíz do produto/marca".

Como planners, ficamos responsáveis por fazer o trabalho interno; que deveria ser de responsabilidade do cliente e nos mais curto e grosso: da própria natureza da marca.


Como ainda somos vistos (somos?) como o arquétipo, quase perfeito, do senhor sabe tudo e usamos óculos ray-ban transparente, fica a nosso cargo, por tercerização, ser responsável por solucionar o problema da inovação. 

Nem sempre conseguimos? Por quê? Eu paguei caro nos meus óculos.

Primeiro, por apego arquitetônico, não sei, empresas não derrubam suas paredes. Convencer departamentos a se falarem, e o mais importante, se influenciarem, é tarefa mitológica. Digna dos 12 trabalhos de Hércules. Nem sempre temos poder ou, em algumas vezes, bolas mesmo para derrubar silos e tornar cubículos em chão batido. 

Segundo, as marcas não entendem que inovação não deve ficar nas mãos de um grupo seleto de pessoas. Pois em empresas sem processos, caso o grupo vá embora, a inovação vai junto com eles.

A boa prática é permitir que a inovação faça parte do job description de todos os stakeholders da empresa. Do CEO à recepcionista. Passando, já sabído, pelo consumidor.

Isso cria o que hoje é conhecido como open-source-innovation.Uma marca caxias obviamente terá medo de perder o controle e irá pensar: "Não me sinto segura em trazer tantas idéias e cabeças diferentes ao processo".

Cara-pálida, ter controle não é a meta. O caos inspira.

A meta é gerar idéias que mudem o rumo da sua marca e gere o genial e o sublime.

Na época que trabalhei com um cliente líder no mercado de pós (não da droga, do sabão), escutei uma história famosa sobre inovação. 

Um grupo, engravatado, de inovadores optou por tirar a espuma de um sabão específico. Isso facilitaria o processo e traria inovação para a empresa e para o consumidor final. 

Gastaram seus milhares (pô, vamos investir na internet, gente!) e tiraram a espuma. 

O produto naufragou. Vendeu pouco e gerou bad-recall para a marca. Um dos inovadores foi a rua, entender com a consumidora final, por quê a escolha dela não passava pelo seu sabão em pó. 

E da maneira mais simples e poética ela respondeu: "Moço, teu sabão não faz espuma. Se não faz espuma, não limpa".

Fica a pergunta: e se ela tivesse sido inclusa no processo de inovação?

fade out.

Marcas, comecem a envolver todas as pessoas no processo de inovação. Procurem evangelistas de inovação em cada departamento e entregue poder/aval para eles pensarem.

Planners, insistam para que isso aconteça. 

E se a palavra e os óculos não resolverem, pague um drink primeiro!





Fonte: CHMKT

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