por Thiago Delfino
Grande parte dos briefings ou demandas de nossos clientes pedem inovação como estratégia.
E isso me causa o comichão: "Inovação não tem que partir do core da empresa?" "Inovacão não deveria ser um atribuso intrínseco e por isso estar presente na raíz do produto/marca".
Como planners, ficamos responsáveis por fazer o trabalho interno; que deveria ser de responsabilidade do cliente e nos mais curto e grosso: da própria natureza da marca.
Como ainda somos vistos (somos?) como o arquétipo, quase perfeito, do senhor sabe tudo e usamos óculos ray-ban transparente, fica a nosso cargo, por tercerização, ser responsável por solucionar o problema da inovação.
Nem sempre conseguimos? Por quê? Eu paguei caro nos meus óculos.
Primeiro, por apego arquitetônico, não sei, empresas não derrubam suas paredes. Convencer departamentos a se falarem, e o mais importante, se influenciarem, é tarefa mitológica. Digna dos 12 trabalhos de Hércules. Nem sempre temos poder ou, em algumas vezes, bolas mesmo para derrubar silos e tornar cubículos em chão batido.
Segundo, as marcas não entendem que inovação não deve ficar nas mãos de um grupo seleto de pessoas. Pois em empresas sem processos, caso o grupo vá embora, a inovação vai junto com eles.
A boa prática é permitir que a inovação faça parte do job description de todos os stakeholders da empresa. Do CEO à recepcionista. Passando, já sabído, pelo consumidor.
Isso cria o que hoje é conhecido como open-source-innovation.Uma marca caxias obviamente terá medo de perder o controle e irá pensar: "Não me sinto segura em trazer tantas idéias e cabeças diferentes ao processo".
Cara-pálida, ter controle não é a meta. O caos inspira.
A meta é gerar idéias que mudem o rumo da sua marca e gere o genial e o sublime.
Na época que trabalhei com um cliente líder no mercado de pós (não da droga, do sabão), escutei uma história famosa sobre inovação.
Um grupo, engravatado, de inovadores optou por tirar a espuma de um sabão específico. Isso facilitaria o processo e traria inovação para a empresa e para o consumidor final.
Gastaram seus milhares (pô, vamos investir na internet, gente!) e tiraram a espuma.
O produto naufragou. Vendeu pouco e gerou bad-recall para a marca. Um dos inovadores foi a rua, entender com a consumidora final, por quê a escolha dela não passava pelo seu sabão em pó.
E da maneira mais simples e poética ela respondeu: "Moço, teu sabão não faz espuma. Se não faz espuma, não limpa".
Fica a pergunta: e se ela tivesse sido inclusa no processo de inovação?
fade out.
Marcas, comecem a envolver todas as pessoas no processo de inovação. Procurem evangelistas de inovação em cada departamento e entregue poder/aval para eles pensarem.
Planners, insistam para que isso aconteça.
E se a palavra e os óculos não resolverem, pague um drink primeiro!
Fonte: CHMKT
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